Música Barroca
A música barroca é toda música ocidental correlacionada com
a época cultural homônima na Europa, que vai desde o surgimento da ópera por
Claudio Monteverdi no século XVII, até à morte de Johann Sebastian Bach, em
1750.
Trata-se de uma das épocas musicais de maior extensão,
fecunda, revolucionária e importante da música ocidental, e provavelmente
também a mais influente. As características mais importantes são o uso do baixo
contínuo, do contraponto e da harmonia tonal, em oposição aos modos gregorianos
até então vigente. Na realidade, trata-se do aproveitamento de dois modos: o
modo jônico (modo "maior") e o modo eólio (modo "menor").
Do Período Barroco na música surgiu o desenvolvimento tonal,
como os tons dissonantes por dentro das escalas diatônicas como fundação para
as modulações dentro de uma mesma peça musical; enquanto em períodos
anteriores, usava-se um único modo para uma composição inteira causando um
fluir incidentalmente consonante e homogêneo da polifonia. Durante a música
barroca, os compositores e intérpretes usaram ornamentação musical mais
elaboradas e ao máximo, nunca usada tanto antes ou mais tarde noutros períodos,
para elaborar suas idéias; fizeram mudanças indispensáveis na notação musical,
e desenvolveram técnicas novas instrumentais, assim como novos instrumentos. A
música, no Barroco, expandiu em tamanho, variedade e complexidade de
performance instrumental da época, além de também estabelecer inúmeras formas
musicais novas, como a ópera. Inúmeros termos e conceitos deste Período ainda
são usados até hoje.
O apogeu da música instrumental
Pela primeira vez na história, música e instrumento estão em
perfeita igualdade. Nesse período a instrumentação atinge sua primeira
maturidade e grande florescimento. Pela primeira vez surgem gêneros musicais
puramente instrumentais, como a suíte e o concerto. Nesta época surge também o
virtuosismo, que explora ao máximo o instrumento musical. Johann Sebastian Bach
e Dietrich Buxtehude foram os maiores virtuoses do órgão. Jean-Philippe Rameau,
Domenico Scarlatti e François Couperin eram virtuoses do cravo. Antonio Vivaldi
e Arcangelo Corelli eram virtuoses no violino.
A época das orquestras de câmara
O barroco foi a época de máximo desenvolvimento de
instrumentos como o cravo e o órgão, mas também surgiram várias peças para
grupos pequenos de instrumentos, que iam de três até nove instrumentistas.
História
Início do Barroco (c. 1600 — c. 1750)
Muitas das inovações associadas com a música Barroca foram
estimuladas por um desejo contínuo, já evidente durante o Renascimento, de
recuperar a música da antiguidade clássica. Os grego antigos haviam escrito
repetidamente sobre os poderes da música de incitar paixões nos ouvintes.
Entretanto, os poucos manuscritos de música Grega antiga conhecidos na época
eram pouco compreendidas, o que permitiu muita especulação sobre a sua
natureza. Ao final do século XVI, um grupo de poetas, músicos e nobres, entre
eles Vincenzo Galilei, Giulio Caccini e Ottavio Rinuccini, passaram a se
reuinir na casa do Conde de Vernio (Giovanni de' Bardi) em Florença, com a
finalidade de discutir assuntos relacionados às artes, e em especial a
tentativa de recriar o estilo de canto dos dramas Gregos antigos.
Dos encontros da Camerata Fiorentina, como este grupo passou
a ser conhecido, surgiu um estilo musical que estabelecia que o discurso era o
aspecto mais importante na música. O ritmo da música deveria ser derivado da
fala, e todos elementos musicais contribuiam para descrever o afeto
representado no texto, sistematizando-se a chamada doutrina dos afetos, de
grande influência para o desenvolvimento da música barroca. Portanto, este
estilo, que logo foi conhecido como seconda pratica para contrastar com a
polifonia renascentista tradicional ou prima pratica, era composto por um única
parte vocal acompanhada por uma parte instrumental.
Esse acompanhamento era chamado de baixo contínuo, e
consistia de uma única melodia anotada, sobre a qual um grupo de instrumentos
adicionavam as notas necessárias para preencher a harmonia implícita no baixo,
frequentemente assinaladas através de cifras indicando os intervalos
apropriados. O baixo continuo estabeleceu uma polaridade entre os registros
extremos: a melodia aguda e o linha do baixo eram os elementos essenciais, e as
partes intermediárias eram deixadas ao gosto dos intérpretes. Nos anos 1630,
esta combinação passou a ser designada pelo termo monodia, um estilo que se
encontra entre a fala e o canto. Essa flexibilidade permitiu que os solistas
ornamentassem as melodias livremente sem precisar se preocupar com regras de
contraponto, permitindo assim que demonstrarem suas habilidades virtuosísticas.
Para tirar máximo proveito da capacidade de cada instrumento ou da voz, os
compositores começaram a desenvolver escritas idiomáticas para cada meio, ao
contrário da música renascentista onde as partes poderiam ser executadas
intercambiavelmente com instrumentos ou com voz.
Não é possível dizer que o início do Barroco já apresentava
um sistema tonal definido, porém se observa uma preferência gradual pelas
escalas diatônicas maiores ou menores, e um maior senso de centro de atração
tonal. A emergência da seconda pratica não significou que a tradição polifônica
havia sido suplantada; ambos estilos coexistiram por todo o período barroco.
Claudio Monteverdi publicou madrigais escritos em ambas práticas, e a mesma
flexibilidade na escrita também teve lugar na air de cour francesa.
A monodia, combinada com a nova técnica do recitativo,
finalmente permitiu aos compositores escrever uma ópera, ou seja, um drama
cantado do início ao fim. A ópera L'Orfeo de Monteverdi de 1607 é usualmente
considerada a primeira obra a combinar música e drama satisfatoriamente. Na
Alemanha, Heinrich Schütz adaptou as novas técnicas para alguns de seus motetos
sacros policorais, e foi o compositor da primeira ópera alemã, Dafne (1627).
A maior parte da música instrumental publicada nesta época
são as suítes de danças em vários movimentos e as variações sobre transcrições
de obras vocais (geralmente intituladas canzonas, partitas ou sonatas) ou sobre
baixos ostinatos (chacona ou passacaglia). Gêneros livres, como a fantasia e a
tocata para instrumentos de teclado também faziam parte destas coleções.
Particularidades do estilo
Desenvolvimento extenso do uso da polifonia e contraponto .
Os acordes tem uma ordem hierárquica em suas progressões tonais, tanto
funcional como cadencial.[1] que definem a tonalidade progressiva do barroco
musical. A harmonia era acompanhada e definida pelo basso continuo criando uma
necessidade do intérprete de ser um virtuoso na arte do período para não deixar
a musicalidade se desviar do aspecto tonal da época---visto que quase sempre o
basso continuo não era escrito e chamava pela improvisação, dando então o dom
de virtuosidade a quem melhor improvisasse.
O contraponto era intenso, especialmente na forma de tema e
variação. A modulação tonal na música barroca é freqüente. Devido a
incapacidade física de um cravo prover dinâmicas variadas a arte da música
barroca voltava a habilidade da performance em termos de articulação. Entre
outras particularidades dos estilos desenvolvidos na música barroca,
inlcluem-se:
• Monodia;
• homofonia
com uma voz diferente cantando por cima do acompanhamento, como nas árias
italianas;
• Expressões
mais dramáticas, como na ópera.
• Combinações
de Intrumentações e vozes mais variadas em conjunto a oratórios e cantatas
• Notes
inégales (Francês para "notas desiguais") usadas. Técnica barroca que
envolvia o uso de notas pontuadas que eram usadas para substituir notas não
pontuadas, dentro de um mesmo tempo que alternavam entre duração de valores
longos e curtos;
• a ária
(curta peça cantada em uma cantata, ou instrumental na suíte);
• o
Ritornello (estilo que contém breve passagens instrumentais entre os versos
cantados);
• o
concertante (o estilo que contrasta entre a orquestra e os instrumentos solos,
ou pequeno grupo de instrumentistas);
• instrumentação
precisa anotada (no período anterior, a Renascença, a partitura raramente
listava os instrumentos);
• notação
musical escrita idiomaticamente melhor para cada instrumento específico.
• Notação
musical para interpretação virtuosa, tanto instrumental como vocal
• ornamentação
• Desenvolvimento
profuso na tonalidade da música ocidental (escala maior e menor)
• cadenza,
uma seção ad lib nas cadências das partituras para o virtuoso improvisar.
Estilos
Compositores barrocos escreveram em diversos gêneros
musicais; incluem-se diversos estilos inovadores para a época. A ópera foi
inventada na Renascença, mas foi no Barroco que Alessandro Scarlatti, Handel e
outros desenvolveram grandes obras. O oratório chegou a grande popularidade com
Bach e Handel; ambos a opera e o oratório usavam forma musical semelhantes, tal
como o uso da ária da capo.
Na música litúrgica, a Missa e os motetos não foram tão
importantes, mas a cantata prosperou, principalmente nos trabalhos de Bach e
outros compositores protestantes. Música para o organista virtuoso floriu, com
o uso das tocatas, fugas, e outros trabalhos..
Sonatas instrumentais e suítes para dança foram escritas
para instrumentos individuais, para grupos de música de câmara, e pequenas
orquestras. O concerto emergiu, tanto na forma para o intérprete solista como
para orquestra, assim como o concerto groso qual um grupo pequeno de solistas
criam simultanamente um contraste com um grupo maior que intercalam suas partes
com perguntas e respostas do diálogo melódico. A Abertura francesa com o seu
típico contraste de seções rápidas e outras lentas, adicionaram grandeza à
muitas cortes nas quais eram apresentadas.
As obras para teclado eram algumas vezes escritas para
grupos maiores. Novamente, existe um grande número de obras de Bach escrita
tanto para os instrumentos solos, como concertos e o mesmo tema se apresenta em
arranjos de concerto para orquestra, ou suíte. Grandes trabalhos de Bach que
culminaram na música da Idade Barroca inclui: o Cravo bem temperado, as
Variações Goldberg, e a Arte da Fuga.
Vocal
• Ópera
o Zarzuela
o Opera
seria
o Opera
comique
o Opera-ballet
• Mascarada
• Oratório
• Paixão
(música)
• Cantata
• Missa
(música)
• Hino
• Monodia
• Estilo
coral
o clássica
• bizarra
Instrumental
• Concerto
grosso
• Fuga
• Suíte
o Allemande
o Courante
o Sarabanda
o Gigue
o Gavota
o Minueto
• Sonata
o Sonata da
câmara
o Sonata da
chiesa
o Sonata em
trio
• Partita
• Canzona
• Sinfonia
• Fantasia
• Ricercar
• Tocata
• Prelúdio
• Chacona
• Passacaglia
• Prelúdio
Coral
• Stylus
fantasticus
Compositores
Alemanha
O barroco alemão iniciou-se com Heinrich Schütz (1585-1672),
considerado o "pai da música alemã". Johann Hermann Schein
(1586-1630), Samuel Scheidt (1587-1654) e Michael Praetorius (1571-1621),
contemporâneos de Heinrich Schütz, também são bastante notáveis nessa época.
Na primeira metade do século XVIII, destacaram-se Johann
Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel e Georg Phillipp Telemann, seguidos por
Johann Pachelbel, Johann Jakob Froberger e Georg Muffat.
Diz-se que Johann Sebastian Bach foi o maior compositor do
barroco alemão (e um dos mais importantes da história da música), por ter
esgotado todas as possibilidades da música barroca. Sua morte é considerada
como o ponto final do Período Barroco.
Itália
Na Itália, o nome mais destacado foi Antonio Vivaldi, autor
de numerosos concertos, óperas e oratórios. A ele é atribuída a composição da
série de concertos As Quatro Estações, provavelmente a mais difundida de todas
as peças desse período. Foi o responsável por estabelecer definitivamente a
forma do concerto, que continua a ser composta até os dias atuais.
Claudio Monteverdi foi considerado o "pai da
ópera". A ele é atribuído o mérito de ter introduzido e popularizado o
gênero, que já vinha sendo desenvolvido desde Jacopo Peri, com as obras Dafne e
Euridice. Monteverdi também é o autor da ópera mais antiga ainda hoje
representada: L'Orfeo, obra que conta a história do amor proibido de dois
seres.
Outros compositores do barroco italiano foram Arcangelo
Corelli e Domenico Scarlatti – este último, o maior expoente da música para
cravo desse período.
França
A tradição musical do barroco francês deu-se principalmente
com Jean-Baptiste Lully, que introduziu a ópera francesa, e Jean-Philippe
Rameau, que desenvolveu obras para cravo. Outro compositor importante do
período foi François Couperin, autor de peças musicais sacras.
Portugal e Brasil
No Brasil, Antônio José da Silva, o Judeu, escreveu notáveis
obras posteriormente musicadas por Antonio Teixeira, com quem trabalhou em
óperas como "As variedades de Proteu", quando se encontrava em
Portugal.
Em Portugal, também Francisco António de Almeida e João
Rodrigues Esteves trabalharam no domínio da Ópera e das obras vocais. Carlos
Seixas destacou-se no campo da literatura para tecla, com mais de 700 sonatas,
inovando também no reportório orquestral, com uma "Abertura em Ré
Maior" em estilo francês, uma "Sinfonia em Si bemol Maior" em
estilo italiano e um "Concerto para cravo e orquestra em Lá Maior",
um dos primeiros exemplares do género na Europa e um contributo original para o
desenvolvimento do Barroco.
Linha do tempo
Esta é uma linha do tempo com os principais e mais
influentes compositores barrocos, separados por período e estética
musical.
Principais compositores do período barroco
• William
Byrd
• Claudio Monteverdi
• Heinrich Schütz
• Jean-Baptiste Lully
• Dieterich Buxtehude
• Marc-Antoine Charpentier
• Heinrich Ignaz Franz von Biber
• Johann Pachelbel
• Arcangelo Corelli
• Henry Purcell
• Alessandro
Scarlatti
• François
Couperin
• Tomaso
Albinoni
• Antonio Vivaldi
• Georg Philipp Telemann
• Jean Philippe Rameau
• Johann Sebastian Bach
• Domenico Scarlatti
• Georg Friedrich Händel
• Giovanni
Battista Sammartini
• Giovanni
Battista Pergolesi
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